terça-feira, 16 de outubro de 2012

Ah, o Amor! [10/10]

O MAIS IMPORTANTE

O amor apenas “surge” ou é uma escolha? Até que ponto é um sentimento natural/genuíno ou uma ação? Em que medida é um esforço pessoal ou obra do destino/acaso? Um casal passa anos juntos porque realmente se ama ou porque decidiu racionalmente unidos ficar? Sempre me fiz esse tipo de questão. E nunca obtive uma resposta certa – nem deve existir. Provavelmente, o amor é obra de todas as circunstâncias citadas.
No mundo da fantasia, ele simplesmente acontece. Logo, muitas pessoas – incluindo-me – acreditam e esperam que seja da mesma forma no mundo real. Idealizamos o primeiro encontro, a perda da virgindade, o casamento, a lua de mel, a convivência... Decepção programada desde nossa infância. É necessário um “reboot” – reprogramar e reiniciar o imaginário social em relação aos relacionamentos. 

- O que você vai fazer mais tarde?
“Diga que vai estar ocupado.”
- Nada especial – respondeu.
- Então vamos fazer alguma coisa? Quer dizer, nós dois?
“Espere ela dormir e saia de fininho.”
- Sim. Tudo bem – concordou. – Vamos fazer alguma coisa.

O racional ajuda a moldar o emocional. Talvez você fique um pouco decepcionado como eu ao fazer essa constatação, já que o amor não é algo completamente sobrenatural, “escrito nas estrelas” e sublime. Muitas situações devem ser ponderadas e escolhas feitas. Como no trecho literário acima, as primeiras decisões podem se tornar determinantes para o prosseguimento e fim da história. Dê oportunidades para se envolver.
Em um relacionamento, ambas as partes devem fazer uma opção para ficarem juntos por muito tempo: querer lutar pela relação. Ao longo desta série, que chega ao fim, foram citadas inúmeras ações que contribuem para fortalecer o namoro/casamento, e ainda há muitas outras.

Existem cinco pilares que mantêm o amor vivo – três já foram citados nos textos anteriores. Nenhum relacionamento tem futuro se faltar uma dessas bases. Eis:
1.       Confiança: nas ações e sentimentos do companheiro. A princípio, significa acreditar na fidelidade, mas é também entregar-se sem reservas; ter fé; dar crédito; esperar pelo outro; ter segurança; poder compartilhar segredos; saber que ele não vai te abandonar nas horas difíceis, pelo contrário, vai te ajudar, apoiar, incentivar, etc. Ter confiança é caminhar pela fé, não pela visão ou demais sentidos – assim como é a crença em algo superior, em Deus.
2.       Respeito: como dito antes, violência física e psicológica são o fundo do poço, uma linha que depois de cruzada não tem mais volta. Este pilar também é saber o que dizer (ou não) na hora certa; agir corretamente; saber tratar o companheiro na frente dos outros; honrá-lo, dar valor e importância; ter consideração e apreço; reconhecer e respeitar a individualidade e o espaço alheio – assim como tratamos nossos pais.
3.       Admiração: pelo “algo a mais” que você perceberá no parceiro. O dicionário diz que é “o sentimento de deleite, enlevo ante o que se julga nobre, belo ou digno de amor”. Encantar-se com a beleza, a inteligência, os talentos, o modo de agir ou falar, por exemplo; inspirar-se no outro a ponto de querer crescer sempre mais como pessoa; desejar o melhor; reverenciar e elogiar; ter orgulho e falar com “brilho nos olhos” (“Essa é minha garota, eu a amo!”) – assim é como todo mundo quer ser tratado pelo companheiro.
4.       Cumplicidade: companheirismo; poder compartilhar todos os momentos da vida; estar sempre do lado, o famoso “pau para toda obra”; não desistir, mas acreditar; ter intimidade; contar com o outro para tudo, uma verdadeira parceria, tendo e dando apoio; criar um laço – assim como buscamos essas características em um amigo.
5.       Dedicação: sem isto, brotará a comodidade e todos os quatros pilares anteriores podem ruir (traição, desrespeito, ódio, afastamento, etc.). Alimentar o sentimento; gastar/compartilhar tempo com o próximo; abrir mão de algumas coisas (abnegar-se); oferecer-se em voto e com afeto; pôr-se a serviço; importar-se com os sentimentos alheios e buscar conhecer sempre mais o companheiro; elogiar, dar flores, passear, sair para jantar, presentear, fazer surpresas e viagens, enfim, todas essas coisas deliciosas que não levam à monotonia – assim como os possíveis futuros filhos exigirão também essa entrega.

Summer - Eu não acredito em amor.
Tom - Porque não?
Summer - Porque ele não existe!
Tom - Como sabe que ele não existe?
Summer - Como sabe que ele existe?
Tom - Vai saber quando sentir.

Summer – Apenas aconteceu [de me casar]. [...] Eu acordei um dia e soube.
Tom - Soube o quê?
Summer – O que eu nunca tive certeza com você.

Tom – Sabe o que é uma droga? Perceber que tudo em que você acredita é uma mentira. [...] Sabe, destino, almas gêmeas, amor verdadeiro e todos aqueles contos de fadas infantis.
Summer – [...] Eu estava sentada numa doceria lendo Dorian Gray, um cara chega para mim, me pergunta sobre o livro e agora ele é meu marido.
Tom – É, e daí?
Summer – E daí... E se eu tivesse ido ao cinema? E se eu tivesse ido almoçar em outro lugar? E se eu tivesse chegado 10 minutos mais tarde? Era… era pra ser.

Narrador – Você não pode atribuir um significado cósmico a um simples evento terreno. Coincidência. É o que tudo é. Nada mais que coincidência. Tom finalmente aprendeu que não existem milagres. Não existe essa coisa de destino. Nada é para ser. Ele sabia. Agora ele tinha certeza disso.
[filme “(500) Dias Com Ela”, 2009]

Seja você crente no destino (como o personagem Tom) ou no acaso (como a Summer), ou mude de ideia (como ambos) ao longo do tempo, nada muda a necessidade de se preservar os citados cinco pilares. Comece um relacionamento levando-os em consideração e tendo certeza de que é a pessoa certa para a sua vida, ao menos naquele momento.
Parece que a maioria das pessoas não tem noção da relevância de um cônjuge. Algumas preferem ficar solteiras (e tudo bem!), outras casam pelos motivos errados e há ainda as que acreditam ser possível trocar de marido/esposa a qualquer momento. Está na hora de dar valor a quem merece.
“Não é bom que esteja só, farei alguém que o auxilie e lhe corresponda”. Se você acredita nesse relato, uma pergunta: por que Deus criou um “parceiro” (que fica no mesmo nível em uma árvore genealógica) e não um “descendente” (em um nível abaixo) para fazer companhia ao homem? Porque o parceiro é o único que permanece ao longo dos anos.
Os pais são de extrema importância na primeira etapa de qualquer vida – eles sustentam as crias, dão educação, carinho e atenção. Mas todo passarinho precisa sair de baixo das asas dos progenitores e dar seus próprios voos. E, comumente, os pais partem antes dos filhos. Já o amor por um filho é eterno e o mais forte que existe. Porém, assim como um dia você seguiu seu próprio caminho, assim seus descendentes o farão também.
Seus pais ficarão para trás. Seus filhos partirão à sua frente. Você estará sozinho. A não ser que a seu lado tenha um cônjuge, que te ampare na perda de seus velhos e na despedida de sua prole. É ele quem vai te compreender e estar sempre ao seu lado. Pelo menos deveria ser desta forma. Pelo menos assim espero que seja em minha vida. Dê valor a essa pessoa!
A verdade é que só queremos uma única coisa, o mais importante: ser feliz.

Últimos adendos:
- Traição: perdoável em determinadas situações – se for um caso isolado, se não houver reincidência, por exemplo. Cada caso é um caso. Cada pessoa sabe o que sente, amor ou ódio. Quando se ama de verdade, o problema não é nem perdoar, mas sim a volta. A confiança perdida possivelmente nunca será recuperada. É a falta dela que pode acabar com o relacionamento. Perdoaria uma traição? Sim ou não, nunca diga nunca. Apenas jamais se humilhe pelo outro. Tenha autoestima e procure alguém melhor, se for o caso.
- Ciúmes: um pouco é super saudável para a relação. É bom saber que o outro se preocupa, tem medo de te perder e cuida do que é seu. Mas fuja dos muito ciumentos, tenha medo desses psicopatas. A partir do momento em que sua vida começar a ser talhada pelo outro, o negócio já não está bom. E, afinal, ou há confiança (um dos pilares essenciais) ou não há.

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